sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

saída da Ford e da Mercedes no brasil tem múltiplos fatores

 Fábrica da Ford no Brasil

Saída de montadoras alerta para implosão do mercado interno e desindustrialização

Fechamento da Ford e da Mercedes-Benz no Brasil tem múltiplos fatores, mas acende sinal para crescimento medíocre do PIB em anos recentes e perda de participação da indústria na economia do país.

Multinacionais como a Ford e a Mercedes-Benz não saem de um país, abandonando anos de investimento, por um único fator. A montadora norte-americana anunciou o fechamento de suas operações no país na segunda-feira, 11/01, enquanto a Mercedes fechou sua fábrica em dezembro de 2020.

"Os casos da Ford e da Mercedes-Benz reúnem fatores conjunturais, estruturais, um certo relapso com a agenda de competitividade, associada com um processo de transformação na economia mundial, sem que o Brasil sinalize, seja com reformas ou com política séria de desenvolvimento e inovação, as estratégias que vai adotar”, afirma o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Rafael Cagnin.

 Por um lado, a Ford perdeu espaço no país ao longo dos últimos anos, ao mesmo tempo em que aumentou a concorrência. Em 2020, a participação da companhia no mercado brasileiro de automóveis foi de 7,39%, na sexta colocação. Em 2011, era de 9,17%, na quarta posição. Os percentuais são calculados com base em dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Por outro lado, há motivações conjunturais. O custo Brasil - gastos das empresas que decorrem de ineficiências e deficiências do país, como na logística e na mão-de-obra -, que tem sido repetido à exaustão como motivador não pode ser desprezado. Mas, para uma empresa instalada há um século no país, não era bem uma novidade. O que mudou, além da estratégia global da companhia?


Encolhimento do mercado interno

Para o diretor-geral da Fator Administração de Recursos, o economista Paulo Gala, um dos elementos conjunturais é a derrocada do mercado interno, após uma recessão severa (2014-2016) e anos de crescimento medíocre (2017-2019), coroados agora com uma pandemia. 

"O mercado interno implodiu, o faturamento das empresas do setor já foi de US$ 87 bilhões no Brasil em 2013, e caiu para US$ 54 bilhões em 2019. Já chegamos 3,5 milhões de veículos, hoje são 2,5 milhões ao ano. A perda de escala vai fechando as fábricas”. O número de empregos gerados também recuou, de 135 mil em 2013 para 106 mil em 2019.

 


 Segundo dados compilados por Gala, entre 2004 e 2013 o crescimento econômico e fortalecimento do mercado interno promoveram um maior interesse da indústria automobilística, com a produção de automóveis a uma taxa média de crescimento para esse período de 7,8%. Esse crescimento foi determinado pela dinâmica interna: a participação do mercado interno como destino da produção foi de 64,5% em 2005 para 84,2% em 2013.

O cenário começou a degringolar a partir de 2014, com o início da recessão. O setor passou a ter quedas de produção, e voltou a crescer apenas em 2017, mantendo-se, porém, distante do cenário pré-crise.

Se antes os subsídios ao setor - que em 2021 devem ser de R$5,9 bilhões, somente da União - e o mercado interno compensavam o custo Brasil, agora o cenário é outro. Já são seis anos de adversidade econômica, e o setor automobilístico é um dos que mais sofreram. O nível de produção do segmento em novembro de 2020 era 34% inferior a dezembro de 2011, quando ocorreu o último pico, de acordo com dados do IBGE.

"É uma contração brutal, e sem muitas perspectivas claras de que esse processo vai ser revertido, seja porque ainda estamos em um ambiente pandêmico, seja porque temos conflitos políticos recorrentes e não temos um planejamento claro de médio e longo prazos”, diz Cagnin.

 O gerente-executivo de Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, acredita que há um "excesso” de montadoras no país, que o mercado interno não é capaz de absorver. "Não faz sentido instalar uma fábrica para atender apenas um mercado, envolve poder também exportar, e aí é que vem a questão crítica do Brasil, que oferece várias desvantagens”. Entre os pontos negativos, de acordo com Fonseca, estão o custo Brasil, a carga tributária - e o não encaminhamento da reforma -  e a falta de integração com cadeias globais.

Desindustrialização

 Alguns economistas apontam também para o movimento dessas empresas como um sinal da desindustrialização do Brasil. Segundo Fonseca, com menos barulho, encolheram no país o recentemente o setor de alumínio e a indústria petroquímica, por exemplo. "Não é só a questão da perda de participação da indústria no PIB, mas no Brasil isso está sendo acelerado por essa falta de competitividade, por essa dificuldade de se integrar às cadeias globais”.

 De acordo com o economista do Iedi, a saída das montadoras sinaliza que o país pode passar por uma aceleração do processo de desindustrialização diante de um ambiente internacional de transformação tecnológica.

 Cagnin avalia que o ônus do Brasil tende a ser ampliado pela profunda mudança tecnológica pela qual a indústria automotiva passa globalmente. "Quando a gente fala em robotização, o setor que mais usa é o automobilístico. E o Brasil tem pouca robotização porque não tem canais de financiamento adequados e está desconectado da economia internacional”.

A participação do setor industrial no PIB brasileiro vem caindo ano a ano. Em 2018, a indústria de transformação representou apenas 11,3% do PIB, quase a metade dos 20% registrados em 1976, a preços constantes, conforme estudo do Iedi.

 Embora haja uma tendência ocidental de menor participação da indústria nos PIBs dos países, o Brasil é um ponto fora da curva. Primeiro, porque no Brasil ocorreu de forma muito rápida e acentuada, e quando outros países começaram a perder participação da indústria em suas economias, isso aconteceu após muito tempo com a indústria no topo.

O segundo ponto de diferença é que é esperado que, à medida que a população vai enriquecendo, uma migração bens mais básicos, para outros mais sofisticados. "Diferentemente de países como Estados Unidos, onde a indústria total vai perdendo participação, mas os ramos mais sofisticados, que agregam mais valor,  ganham peso, no caso do Brasil, a gente perde em todos, e em alguns segmentos nem tivemos participação importante, como em TI”, explica Cagnin.

O grande problema da desindustrialização, segundo Gala, é que boa parte da inovação vem desse setor, inclusive a inovação dos serviços está ligada ao setor industrial. Além disso, os aumentos de produtividade relevantes e empregos de qualidade se concentram no segmento. "O setor industrial é uma espécie de galinha dos ovos de ouro da economia, porque é ali que tem a dinâmica tecnológica”, afirma.

Para caminharmos no sentido inverso, afirmam economistas, é preciso, entre outros elementos, que o país aposte em reformas estruturais, que reduzam o custo Brasil, e que subsídios, quando necessários, sejam atrelados a metas e contrapartidas.

Noticias:https://www.dw.com/pt-br/sa%C3%ADda-de-montadoras-alerta-para-implos%C3%A3o-do-mercado-interno-e-desindustrializa%C3%A7%C3%A3o/a-56220707

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Basquete: brasileiros conhecem rivais na Champions das Américas

 Basquete: brasileiros conhecem rivais na Champions das Américas

Flamengo x IACC - Champions League - basquete
Sesi Franca, São Paulo e Flamengo, atual vice, representarão o país

A Federação Internacional de Basquete (Fiba) divulgou grupos e calendário da edição 2021 da Champions League das Américas, a "Libertadores" do basquete masculino. A competição tem início no próximo dia 31, com três representantes brasileiros: Flamengo, Sesi Franca e São Paulo.

Na primeira fase, os 12 participantes estão divididos em quatro grupos, com três equipes em cada. Os times jogam três vezes entre si nas respectivas chaves. Cada turno será realizado em ginásios diferentes, sem presença de público e com acesso restrito. Devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19), a disputa ocorrerá na chamada "bolha sanitária". O primeiro turno vai até 5 de fevereiro. Os demais estão marcados entre 4 e 9 de março e 24 e 29 do mesmo mês. O campeão de cada grupo vai à fase final, que será disputada entre 8 e 13 de abril, ainda sem sede definida. 

 O Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, é uma das primeiras bolhas. O ginásio carioca abrigará o primeiro turno do Grupo D, no qual está o Flamengo. O Rubro-Negro encerrou a primeira fase da última temporada do Novo Basquete Brasil (NBB) na liderança - o torneio não foi concluído em razão da pandemia. Peñarol (Uruguai) e Instituto (Argentina) completam a chave do Flamengo, atual vice da Champions. O time carioca estreia dia 3 de fevereiro contra os uruguaios. No dia 5, encara os argentinos.

Segundo colocado na primeira fase da última edição do NBB, o Sesi Franca está no Grupo C, que tem o ginásio Obras Sanitarias, em Buenos Aires (Argentina), como primeira sede. A chave reúne o San Lorenzo (Argentina) e o Aguada (Uruguai), que será o primeiro adversário dos paulistas, em 1º de fevereiro. No dia seguinte, os francanos enfrentam os anfitriões.

O São Paulo, que concluiu a fase inicial do último NBB em terceiro, encontra-se no Grupo B. Os joggos da chave também começam a ser disputado no Obras Sanitárias, na capital argentina. No dia 1º de fevereiro, o Tricolor mede forças com o Valdívia (Chile). Em seguida, no dia 2, enfrenta o Quimsa (Argentina), atual campeão das Américas.

O Tricolor herdou o lugar do Botafogo, campeão da edição passada da Liga Sul-Americana - que o credenciaria à Champions. O Glorioso não teria conseguido enviar a documentação necessária à Fiba. O movimento Juntos pelo Basquete, que gerencia a modalidade no Alvinegro e surgiu de uma iniciativa de torcedores, contestou nas redes sociais a retirada do clube carioca do torneio.

O único grupo sem equipes brasileiras é o A, que tem como primeira sede a cidade de Manágua, capital da Nicarágua. A chave reúne o anfitrião Real Estelí, o panamenho Caballos de Coclé e o colombiano Titanes de Barranquilla.



Noticia: Agência Brasil


 

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

China suspende importações de carne suína de unidade da Aurora, diz ABPA

 China suspende importações de carne suína de unidade da Aurora, diz ABPA

O Ministério da Agricultura ainda não se pronunciou.

China suspende importações de carne suína de unidade da Aurora, diz ABPA

A China suspendeu por tempo indeterminado a importação de carne suína da Aurora Alimentos produzida em unidade de Chapecó (SC), segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Em nota, a entidade afirmou que está atuando junto à cooperativa e ao Ministério da Agricultura para garantir esclarecimentos adicionais aos chineses referentes às práticas de segurança e aos "rígidos protocolos setoriais" durante a pandemia da covid-19".

 Procurado pelo Broadcast Agro (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o Ministério da Agricultura ainda não se pronunciou.

Segundo a ABPA, "todas as informações e demonstrações de boas práticas da cooperativa foram detalhadamente demonstradas às autoridades chinesas".

"A ABPA lembra que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há comprovação científica de risco de contaminação de Covid-19 por meio do consumo de alimentos", acrescentou a associação no comunicado.


Noticia: noticiasaominuto