Em 2016, energia eólica
no Brasil passou a ter condições de produzir 10 GW
- 30/08/2016
22h58
- Rio
de Janeiro
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
O
setor de energia eólica no Brasil passou a ter, em 2016, capacidade instalada
de 10 gigawatts (GW) em cerca de 400 parques com mais de 5,2 mil aerogeradores
em operação. Com isso, a fonte de energia renovável, considerada moderna,
representa 7% da matriz energética brasileira e registra 80% de nacionalização.
A presidenta executiva da ABEEólica, Élbia Gannoum, disse
que estão contratados perto de 9 GW em 2016Cristina Indio do Brasil/Agência
Brasil
Pelos números do setor,
em 2015, a energia eólica abasteceu mensalmente uma população equivalente a
todo o Sul do país e gerou 41 mil postos de trabalho. Os investimentos feitos
desde 1998 somaram R$ 60 bilhões. Ainda no ano passado, a energia eólica teve
participação de 39,3% na expansão da matriz, enquanto a hidrelétrica ficou com
35,1% e a termelétrica 25,6%.
Os números foram
divulgados hoje (30) na abertura da 7º Wind Power 2016, encontro anual do
setor, no Centro de Convenções Sulamérica, região central do Rio, e a
perspectiva é que o setor continue em crescimento. A presidenta executiva da
Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Élbia Gannoum, disse que
estão contratados perto de 9 GW em 2016 e a previsão é chegar a 2020 com 18,4
GW de capacidade instalada.
“Em termos de matriz,
atualmente, nós somos a fonte mais competitiva e com diferença razoável para a
segunda ou terceira fonte, tendo em vista que não falamos mais em grandes
projetos hidrelétricos, que são os mais competitivos. Então, hoje alcançamos o
patamar da primeira fonte mais competitiva do país. Hoje, já estamos partindo
para chegar em 2020 como a segunda fonte de energia do país e somos o setor da
economia que mais cresce. O quarto país do mundo que mais investe, o oitavo que
mais gera energia eólica e o décimo país em capacidade instalada”, disse.
Desafios
Para a presidenta, o
grande desafio será contratar os próximos 10 GW que permitirão chegar perto de
30 GW de capacidade instalada, em 2030, diante de algumas barreiras. De
curtíssimo prazo, Élbia apontou o crescimento econômico que justifique uma
quantidade razoável de contratação de energia. “É um desafio enorme conseguir
contratar. A gente vai ter o leilão de reserva este ano. O governo sabiamente
está contratando para manter o sinal de investimento na cadeia produtiva”,
disse.
Élbia disse que o setor
de energia eólica tem condição de responder rapidamente caso a economia
brasileira retome o crescimento. “Vejo que os setores de infraestrutura em
geral, em particular energia e energia renovável, a capacidade deles de
resposta é muito rápida, seja do ponto de vista da construção de um parque, que
se faz em um ano e meio, seja da retomada efetiva de investimentos. Nós já
estamos recebendo muitos investidores de fora, interessados no Brasil, porque
eles já estão fazendo a leitura da mudança chave do cenário político e
econômico e a retomada de crescimento”.
Financiamentos
Em 2015, a energia eólica abasteceu mensalmente uma
população equivalente a todo o Sul do paísArquivo/Agência Brasil
Élbia
está confiante na abertura de financiamentos por parte do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o setor e ficou satisfeita com
a declaração da presidenta do banco, Maria Sílvia Bastos, de que a energia
renovável é prioridade para a instituição.
“As
condições de financiamento vão se manter. Eles vão fazer alguns ajustes no
sentido de chamar mais os bancos comerciais. Eles querem o mercado no
financiamento do setor”, disse. “Nós precisamos trabalhar com os bancos
privados para tornar o setor de infraestrutura do Brasil mais robusto. Hoje
temos um setor de financiamento, que quem financia é o banco de fomento, banco
de desenvolvimento. O Brasil é um mercado enorme, então, temos muitas
possibilidades. Só que alguém precisa ser o ator, começar este processo e a
Maria Sílva está dizendo que o BNDES vai fazer isso. Acho muito bom”.
De
acordo com a executiva, por causa da energia limpa que produz, o Brasil é um
dos poucos países que têm a capacidade de cumprir os acordos do clima de Paris,
a Conferência Mundial do Clima (COP21), com tranquilidade e sem custo. “O
Brasil é muito rico em recursos renováveis para produção de energia e pode
fazer a opção de uma matriz limpa para o futuro, renovável, sem a necessidade
de fazer subsídios, porque as fontes renováveis no Brasil são as mais
competitivas”.
Metas
na COP 21
O
secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas
e Energia (MME), Eduardo Azevedo, que estava no encontro representando o
ministro Fernando Coelho Filho, e destacou a importância das energias
renováveis para o Brasil cumprir as metas que assumiu na COP 21.Azevedo disse
que o governo estuda as formas de leilões de fontes complementares como eólica
com solar e biomassa, além de biogás e gás natural. “A forma de hibridização
está sendo estudada, de forma que possa colocar isso o mais rápido possível,
talvez no começo do ano que vem”.
Sobre
a nova data do leilão de transmissão, marcado para outubro, o secretário
informou que o adiamento do certame foi porque ele precisava ter mais
competitividade e estar mais aderente às necessidades do planejamento. “Se a
gente coloca grande quantidade de lotes para ser licitados e tem poucos
empreendedores no mercado, o mercado vai escolher e não o governo. Então, dentro
do planejamento a gente está refazendo o rol de projetos que vão para o leilão
e criando maneiras de tornar mais competitivo”.
Edição: Fábio Massalli