MP-RJ vai
analisar questionamentos de advogada sobre investigação de estupro
- 28/05/2016 23h19
- Rio de Janeiro
Vinícius
Lisboa - Repórter da Agência Brasil
O Ministério Público do Estado do
Rio de Janeiro (MP-RJ) se reuniu na noite de hoje (28) com a advogada da
adolescente que denunciou ter sido vítima de estupro coletivo para ouvir
questionamentos em relação à investigação da Polícia Civil. O órgão vai avaliar
os pedidos para, então, dar uma resposta às ponderações apresentadas.
As advogadas Eloisa Samy e
Caroline Bispo não detalharam quais pedidos foram feitos ao MP-RJ. Eloisa
afirmou, porém, que o caso foi tratado de forma "machista e misógina"
em depoimento prestado ontem (27) pela vítima à Delegacia de Repressão aos
Crimes de Informática (DRCI).
"O que me incomodou foi o
machismo e a misoginia (repulsa, desprezo e ódio à mulher) com que o delegado
está tratando desse caso específicamente, desconsiderando o estupro, colocando
o estupro como um crime menor", afirmou Eloisa. "Quero, primeiro, que
se encontre os responsáveis por esse crime, e que a vítima seja tratada com o
respeito que ela merece", acrescentou.
Saiba Mais
A advogada disse ainda que seria
melhor que uma delegada mulher cuidasse do caso. "O que eu acho não faz a
menor diferença. Eu acho que deveria ser uma delegada. De onde, eu não sei.
Isso não é da minha competência, e também não é da competência do Ministério
Público determinar."
A promotora de justiça Lúcia
Iloízio, coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de
Violência Doméstica contra a Mulher, e o procurador de Justiça Márcio Thomé,
coordenador de Direitos Humanos do MP-RJ, receberam as advogadas. A promotora
afirmou que as ponderações serão analisadas, assim como os autos do inquérito.
"Essa análise vai ser feita
de forma muito criteriosa pelo Ministério Público, e, se for o caso, inclusive,
de posse dos autos do inquérito. Tem que ser avaliado exatamente tudo que
consta nos autos do inquérito. Essa é a primeira premissa que a gente pode
informar", disse a promotora.
O coordenador de Direitos Humanos
do MP-RJ considera o crime de estupro uma "aberração", e destacou que
o Ministério Público recebeu as advogadas por estar preocupado com a
vulnerabilidade da vítima, que é menor de idade, mulher e está exposta desde a
divulgação do crime.
Durante a tarde, a Polícia Civil
já havia divulgado uma nota em resposta aos questionamentos da advogada, e
afirmou que a investigação está sendo conduzida de forma técnica e imparcial
pela DRCI. Além disso, a polícia ressalta que a Ordem dos Advogados do Brasil,
seccional Rio de Janeiro (OAB/RJ), vai acompanhar o caso, e até já nomeou o
presidente da Comissão de Segurança Pública da ordem, o advogado Breno
Melaragno, para isso.
Edição: Stênio
Ribeiro